Depois do seminário os outros grupos fizeram três perguntas relacionadas ao nosso tema e fiquei responsável por responder a pergunta do grupo de corticóides:
Pergunta: Já que a liraglutida é um análogo do GLP-1, que significa glucagon-like Peptide, qual é o processo que diferencia sua ação para que a reação do organismo seja a contrária do esperado, tendo em vista que o glucagon é diabetogênico e a liraglutida age diminuindo os níveis de glicose no sangue?
Resposta: Primeiramente explicarei porque o GLP-1 e o glucagon possuem nomes semelhantes. Ambos são gerados a partir de uma proteína denominada de proglucagon. Esta proteína é formada em dois locais: nas células alfas das ilhotas pancreáticas que posteriormente darão a formação do glucagon e pelas células L do íleo que originarão o hormônio GLP-1. Por terem a mesma origem as estruturas moleculares são similares, mas deve-se lembrar que mudanças pequenas entre as cadeias de aminoácidos, como nesse caso, podem gerar estruturas com funções bem diferentes.
Para exemplificar que pequenas mudanças podem levar a grandes diferenças uso um parágrafo retirado do livro Princípios De Bioquímica, 4º edição, pagina 76, terceiro parágrafo: “Os resíduos de aminoácidos nas moléculas protéicas são exclusivamente L estereoisômeros. Os resíduos D-aminoácidos têm sido encontrado apenas em poucos, geralmente pequenos peptídios das paredes celulares bacterianas e certos peptidios antibióticos”. D e L são isômeros logo, a diferença está na posição dos elementos químicos em relação ao carbono alfa, mas esta modificação foi suficiente para que com o processo da evolução escolhesse somente uma estrutura como composição das proteínas dos seres humanos.
O próximo passo é diferenciar os processos do glucagon e do GLP-1(ou liraglutida). Começarei pelo o glucagon: este hormônio é estimulado quando a glicemia está baixa e induz o fígado a produzir mecanismo como a degradação do glicogênio hepático, inativação do glicogênio sintase e da glicólise e estimula a gliconeogênese, esses mecanismo são estimulados para normalizar a glicemia. Além disso, o glucagon estimula o tecido adiposo fazendo com que ocorra a liberação de ácidos graxos livres para suprir a demanda energética do fígado e outros tecidos, poupando a glicose para o cérebro. Por aumentar a glicemia o glucagon é considerado um diabetogênico, ou seja, causa a diabetes. Mas para causar essa doença precisaria de uma super dose desse hormônio.
O outro processo é o relacionado com o GLP-1: quando a comida chega ao íleo esse hormônio é estimulado. Devido à absorção dos alimentos o pâncreas começa a receber glicose através do GLUT2 nas suas células beta, assim sendo, estimula as células beta pancreáticas a secretar insulina e a reduzir a secreção do glucagon pelas células alfa, com a chegada do GLP -1 ao pâncreas potencializa esse mecanismo ativando as células beta a produzirem mais insulina. A liraglutida faz o mesmo mecanismo além de melhora a função das células beta de sintetizar e secretar a insulina.
Em resumo, a diferenças que proporcionam o glucagon e o GLP-1 serem hormônios opostos mesmo tendo a mesma origem são:
- estrutura molecular diferenciada;
- são produzidos em diferentes lugares;
- são estimulados em estágios diferentes de glicemia;
- estão relacionados a diferentes células das ilhotas pancreáticas.
Referências bibliográficas:
NELSON, D. e COX, M. Princípios de Bioquímica de Lehninger 4 ed. . Porto Alegre: Artmed 2006. pgs. 76,894 a 897
disponivel em : http://en.wikipedia.org/wiki/Glucagon-like_peptide-1 acesso em : 25/11/2011
disponivel em http://www.google.com.br/search?rlz=1C1CHMT_pt-BRBR304BR304&sourceid=chrome&ie=UTF-8&q=liraglutida acesso em : 26/11/2011
POSTADO POR : ISABEL BARCELOS FERREIRA
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